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7 perguntas para o novo presidente da ABE, Daniel Salvador

7 perguntas para o novo presidente da ABE, Daniel Salvador

17/01/2019

Marcelo Copello

Brasil

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Marcelo Copello - Nos conte um pouco de sua trajetória, formação e carreira.

Daniel Salvador - Sempre estive envolvido com o setor da uva e do vinho. Muito da minha atuação profissional foi influenciada pelo meu pai Antonio Salvador. Enólogo, ele trabalha no setor vitivinícola brasileiro há quase 48 anos, foi um dos fundadores da ABE e, recentemente, foi agraciado com o Troféu Vitis Enológico 2018. A minha trajetória é muito similar com a de outros profissionais e tem ligação direta com o que se conhece da região, onde as famílias possuem grande envolvimento com a agricultura, especialmente a viticultura. Em 2005, me formei Tecnólogo em Viticultura e Enologia pela escola de Bento Gonçalves. Posteriormente, pós-graduei em Vitivinicultura pela Universidade de Caxias do Sul e Sommelier pela FISAR. E como o negócio familiar em que atuo desde 1998, a Vinícola Salvattore, exige inúmeras habilidades, finalizei outra pós- graduação em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Em paralelo, sempre participei de projetos e entidades ligadas ao setor, uma delas a ABE, onde faço parte da Diretoria desde 2012. Hoje trabalho em nossa vinícola e ao lado de meu pai na rotina de assessoria técnica para outras empresas vinícolas.

MC - A seu ver quais foram as maiores conquistas do vinho brasileiro nos últimos dez anos?

DS - Temos diversas conquistas. Posso falar da maior delas que é o reconhecimento da qualidade do produto nacional, ou melhor, do constante aperfeiçoamento das técnicas de cultivo das vinhas, do trabalho do enólogo, do comprometimento das vinícolas e do posicionamento de mercado que estamos tomando. Há um caminho a ser percorrido ainda, mas neste momento estamos vivendo a melhor fase do vinho, espumante e suco de uva, fruto da dedicação, empenho e mudança de pensamento de todos. Sem contar que vivemos também o momento de maior engajamento do setor, pois a forma de sermos mais representativos e termos força é com união e trabalho conjunto. Pela ABE, acreditamos que possuímos um papel importante nessa construção, junto com outras entidades e lideranças. O empenho da entidade na evolução da qualidade da produção nacional é nítido e pode ser comprovado em suas atividades. Anualmente, dezenas de ações de aperfeiçoamento do enólogo são oferecidas, além dos eventos reconhecidos mundialmente, como a Avaliação Nacional de Vinhos, que colocam na maior vitrine brasileira o que há de melhor em vinhos e espumantes, incentivando vinícolas e enólogos a seguirem focados na qualificação.

MC - Quais as metas de sua gestão na ABE, o que você gostaria de realizar?

DS - Quando Edegar Scortegagna, nosso presidente gestão 2017/2018, me convidou para agrupar 16 profissionais da Enologia, no intuito de sermos os elos centrais de ligação entre todos enólogos, aceitei imediatamente e logo convidei meu colega André de Gasperin para me ajudar na construção das metas e do grupo de trabalho. Iremos continuar atuando com base no esforço e legado das gestões anteriores, que muito bem traçaram metas em paralelo entre dois importantes pilares: o associado e o setor vitivinícola. Para os associados iremos priorizar as questões que tratam da atualização constante do profissional e técnicas de trabalho, experiências pelo universo do vinho e parcerias de crescimento individual e coletivo. Ao setor de forma geral, vamos focar nos eventos e promoção da cadeia vitivinícola, como os concursos de vinhos e espumante, entre eles a Avaliação Nacional de Vinhos, além de continuar com a publicação da Revista Brasileira de Viticultura e Enologia e engajamento com entidades setoriais apoiando iniciativas.

MC - Se o gênio da lâmpada lhe desse 3 desejos, o que você gostaria de mudar no mundo do vinho?

DS - Nunca parei para pensar que isso fosse possível, logo, dimensionar uma resposta seria utópico. Mas meu primeiro desejo não seria apenas para o mundo do vinho, mas para toda a humanidade. Pediria para nos ajudar a descobrir e orientar a percorrer um caminho em busca da diminuição dos impactos de fenômenos naturais sobre a cultura da vinha e a agricultura em geral. Depois pediria a unificação dos profissionais de enologia. E por último, mas não menos importante, que o vinho fosse considerado e classificado como alimento.

MC - Na 7a edição da GRANDE PROVA VINHOS DO BRASIL este ano, os tintos superaram os espumantes em número de medalhas. A que você atribui o fato?

DS - Não é novidade que a qualidade dos produtos nacionais é evidenciada e confirmada de forma incontestável pelos espumantes. Contudo, nunca se abandonou a busca pela melhoria contínua e aperfeiçoamento das técnicas de produção de vinhos tranquilos, e digo isto reconhecendo os avanços feitos desde o manejo do vinhedo até as técnicas de vinificação. Aliado a este aspecto há uma evidente diversificação nas variedades. Nossos vinhos tintos respondem muito bem ao tempo de envelhecimento em alguns casos, em outros a jovialidade é o grande destaque. Nos brancos também conseguimos vinhos complexos, com acidez que nos é permitida com destaque, variando entre jovens e levemente envelhecidos. Não posso confirmar com exatidão qual o fator que culminou no aumento de medalhas nos vinhos tintos, pois em um concurso há diversas variáveis, mas é indiscutível que a qualidade dos vinhos tranquilos atingiu novos patamares..

MC - Na Vinícola Salvattore, alguma novidade em vista para 2019?

DS - Estamos planejando novidades sim, mas nada com data programada. A vinícola tem passado por diversas modificações nesses últimos 5 anos, desde o produto central da vinícola até estratégias de reposicionamento. Recentemente, a marca da vinícola sofreu uma sutil, mas importante mudança. Hoje estamos focando na reconversão de alguns vinhedos das famílias que nos fornecem uvas. A expectativa é para o lançamento de um novo vinho de casta tinta, um vinho tinto de corte e mais para frente os espumantes pelo método tradicional.

MC - Se você fosse fazer vinho fora do Brasil, que região escolheria?

DS - Me identifiquei muito com as regiões do norte e noroeste da Itália. Evidente que há a influência por termos os antepassados vindos destas regiões há muitos anos. Mas essa identificação vai além da capacidade de produzir bons vinhos, típicos e de identidade forte e marcante. Tem também a ligação com o conjunto da obra, pois é uma região que tem seu estilo cultural muito forte e evidente, gastronomia e vinho bem definidos, costumes preservados, influência de mercado e característica de produção delimitadas. Quem sabe um dia eu possa assinar um rótulo de Barolo, seria um sonho profissional realizado.

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Marcelo Copello

Marcelo Copello


Marcelo Copello é um dos principais formadores de opinião da indústria do vinho no Brasil, com expressiva carreira internacional. Eleito “O MAIS INFLUENTE JORNALISTA DE VINHOS DO BRASIL” pela revista Meininger´s Wine Business International, e “Personalidade do Vinho” 2011 e 2013 pelo site Enoeventos.

Curador do RIO WINE AND FOOD FESTIVAL, e Publisher do Anuário Vinhos do Brasil, colaborador de diversos veículos de imprensa, colunista da revista Veja Rio online. Professor da FGV, apresentador de rádio e TV, jurado em concursos internacionais de vinho, como o International Wine Challenge (Londres). Copello tem 6 livros publicados, em português, espanhol e inglês, vencedor do prêmio Gourmand World Cookbook Award 2009 em Paris e indicado ao prêmio Jabuti.

Especialista no mercado e nos negócios do vinhos, fazendo palestras no Brasil e no exterior, em eventos como a London Wine Fair (Londres). Copello é hoje um dos palestrantes mais requisitados. Para saber mais sobre as palestras e serviços de Copello clique AQUI

  

Contato: contato@marcelocopello.com